terça-feira, junho 14, 2005

Uma matutina cena paulistana

Ia com seu carro ao trabalho. Parou no farol vermelho de uma avenida. A dois carros a frente viu um rapaz jovem, alto, forte. Um rapaz negro. Como o viu abordando os carros sua preconceituosa mente já pensou, "está pedindo dinheiro!" Pensou isso porque viu que estava com as mãos livres, pois se estivesse com algo que lembrasse uma arma pensaria coisa pior.

Viu uma mão saindo da janela do carro dando moedas ao jovem. Estava realmente pedindo dinheiro. O jovem veio para o carro a sua frente, encostou o rosto perto da janela, falou alguma coisa. Nenhuma mão se estendeu. O farol continuava fechado. "Droga, ele virá pedir dinheiro para mim!"

E veio mesmo. "Aí cara, tem dez centavos sobrando aí?" O rapaz olhou pela janela vasculhando o interior de seu veículo. Viu sua mala no banco do passageiro, viu o rádio ligado e viu umas tranqueiras no porta-moedas.

Olhou calmamente para o jovem abordador com um leve sorriso, sorriso de pseudo-autoconfiança. "Ih velho, hoje não tenho!". Realmente não tinha dez centavos sobrando ali. Tinha dinheiro em sua carteira guardada na mala. Mas mexer nela apenas sob a coação de uma arma. O jovem se certificou que não tinha nenhuma moeda visível e deu as costas. O farol abriu. Engatou a primeira e partiu. Mas antes escutou o jovem abençoá-lo, "obrigado, fica com Deus!".

Ironicamente, não percebeu nenhuma ironia nas palavras do rapaz.

São Paulo, 13/06/2005

3 comentários:

Anônimo disse...

“Ídola”??? Caraka Ivo, tô vendo q sempre q vir aqui vai ser aquela rasgação de seda, confete pra todo lado, etc, etc. Bem, se vc diz pra ñ discutir, ñ discuto e pronto: vc é subversivo e tá falado! Qto a “ignorância” q vc citou, todos temos um determinado nível dela na veia... será q existe alguém q sabe tudo? Sei ñ... Qto aos Eng. do Hawaí eu até curto sim... ouvi dizer q eles foram considerados a banda mais inteligente do mundo, é verdade? Se for, tá explicado o pq de eu ñ ter entendido refrões simples como “o papa é pop... o pop ñ poupa ninguém...”. E pra finalizar (puts, q garota prolixa...) obrigada pela visita, pelo comentário (a-do-rei) e seu blog... Sobre o texto devo dizer q viver numa metrópole como a nossa nos faz deixar de perceber a grandiosidade de peq coisas... muita frivolidade numa cidade com tantos cidadãos, meros cidadãos. Bjos e até!

Anônimo disse...

ei... fui ler uns textos seus e só agora saquei q vc me linkou... caracas... q honra! Valeu! Assim q eu conseguir mexer nas configurações do meu farei o mesmo, ñ por retribuição, mas pq realmente seus blogs é muito legal... li vários textos e por isso posso dizer isso! Kisses again

Anônimo disse...

Ó EU DE NOVO... (pode ir apagando, eu ñ ligo... rs*)
COMENTÁRIO: ... tudo isso sobre os EngHaw é fascinante, admiro o trab de bandas assim, q ñ são escravas da ditadura do refrão, do sucesso comprado das rádio, e da baboseira nonsense (afinal é mais fácil cantar qquer coisa do q fundir a cuca pra fazer algo legal). Entãoooo.... Viva os Engenheiros! Qto à ‘poesia’ deixada no comentário... só tenho um jeito de explicar e o farei usando as suas palavras, ou melhor, de um texto seu (21/01/05): “...não gosto de escrever poemas. No entanto, isso para mim é como uma necessidade fisiológica. Escrevo poemas como se escarrasse ou vomitasse”... e completo dizendo +... muitas vezes fujo desses rompantes poéticos mas qdo vejo – já foi! Ao contrário de vc ñ chego a me orgulhar deles, são mto óbvios, mas sim, olho pra eles tal qual uma mãe olha pro filhinho recém-nascido e digo: “Q bunitinhu!” (rs*). Bjos e até.