quarta-feira, junho 08, 2005

As subversivas bananas brasileiras

O país está subvertido. Não sei desde quando, mas passarei a pensar nessa questão a partir de agora, uma vez que eu, como subversivo convicto, preciso me inteirar sobre como é, qual o nível e os demais que tais da subversividade brasileira. Se uma vez eu intencionei subverter o Brasil - hoje já não tenho tal pretensão - estaria despendendo esforços inúteis? Se os militares, quando governaram despoticamente o país, acreditavam enxergar subversividade em cada canto, haveria necessidade de tanta atrocidade? Se a subversividade brasileira vier de longa data, as justificativas minhas e dos milicos para algumas atitudes do passado seriam injustificáveis.

Pois bem. Isso é assunto para depois. Para agora é que o país está subvertido. Prestem atenção: não é nenhuma novidade que se paga impostos para tudo. Quando eu vou comprar uma bala na bombonière da esquina, eu estou pagando imposto ao governo para consumir essa bala. Exemplo. Se a bala custa 10 centavos e se 1 centavo é do governo, significa que o valor do imposto da bala é de 10 porcento. Uma matemática ginasial. O que vai justificar meu argumento sobre a subversividade brasileira é o valor dessa porcentagem para os demais produtos que consumimos cotidianamente.

É do senso comum que bens de primeira necessidade para o bem estar da sociedade devam ter impostos menores, e bens supérfluos, impostos maiores. Cigarro, bebidas alcoólicas e carros de luxo se enquadram nesse último quesito. E, pasmém, remédios também. Remédios são considerados bens supérfluos! Remédios são considerados bens supérfluos? Se olharmos para a carga tributária atribuída a eles, sim. Como dizia um grande amigo meu, "banana está comendo macaco"! Essa frase é a síntese da subversividade. Quando as bananas estão comendo macacos, a coisa já foi. Já ficou de pernas para o ar.

Há uma campanha, incentivada pela Associação Brasileira de Farmácias, anunciada nas farmácias e em alguns veículos de comunicação, tratando sobre o valor dos impostos dos remédios. A campanha pede a assinatura dos cidadãos para um abaixo-assinado que pressione o Congresso a fazer com que os impostos dos medicamentos sejam reduzidos. Eu já havia tomado conhecimento disso antes, já dei minha assinatura em apoio ao projeto, mas confesso que estava meio dessintonizado com relação a real gravidade da questão. Me dei conta hoje de manhã, quando escutei um jornalista-economista, o Joelmir Beting, no rádio, comentando sobre o assunto. Ele disse que os remédios de uso veterinário têm impostos menores que dos remédios de uso humano. E disse uma frase que me arrancou uma gargalhada, por ser terrivelmente irônica: "se, ao invés de tossir, você entrar numa farmácia latindo, vai pagar 14 (porcento) ao invés de 31".

Isso tudo é mesmo terrivelmente irônico. É melhor viver um mundo de cão, onde as bananas comem os macacos, mas, pelo menos, os impostos para tomar remédio são menores.

São Paulo, 08/06/2005

Um comentário:

Anônimo disse...

Tem tanto cachorro no mundo vivendo melhor q gente... É óbvio q nós é q somos supérfluos...

Ahhh e q lindo esse link aí do lado pro meu blog!! :)

Bj,

Dani Dani