terça-feira, março 21, 2006

6h05 da manhã

6h05 da manhã. Atravesso a ponte para pegar a via expressa da Marginal Tietê. Olho para o leste e vejo que o sol ainda não surgiu no horizonte, mas já tinge as nuvens e o nada em que elas estão suspensas de dourado. A oeste, uma combinação do azulado ao violeta compõe o restante do espaço. Me lembro de Vanilla Sky e do céu com cores de Monet daquele filme. Me lembro que ele realizava sua vida nos sonhos.

Ultimamente tenho sonhado muito. Sonhos reais. Acordo sempre com a sensação de que tudo realmente havia acontecido. Tenho sonhado muito com o que tenho vivido ultimamente. E ultimamente, fórmulas financeiras, carros sem documento e cavaleiros brancos têm convivido comigo. Até quando durmo.

A Marginal Tietê me conduz ao oeste, mas vou ao norte. Já faz muito tempo que sempre vou a oeste, mas antes não ia a lugar nenhum. Agora, sempre vou ao norte. Não para derrubar as estrelas e as listras, como quis antes, mas porque ao norte é o sentido de tudo, de tudo que há na vida, e da vida... Acho que ainda desejo derrubar as estrelas, as listras, as foices, os martelos, os feixes, os cata-ventos, as mãos invisíveis, tudo que surge e que responsabilizo por desgraças da nossa espécie. Hoje desejo muito derrubar um monstro, mas este tem muitos asseclas e tem um formidável poder corruptor. Ele corrompe e coopta com muita facilidade seus fanáticos. E eles são muitos, e eu acho que estou ficando muito velho para sustentar rebeldismos. Não sucumbo a ele, mas não tenho mais energia para combatê-lo e para combatê-los.

Principalmente, porque os cavaleiros brancos insistem em querer minhas entranhas. Eles são invencíveis e eu já perdi muito tempo combatendo-os. Não luto com mais nenhum deles. A vitória contra um invencível só é possível sem confronto.

E eu sou invencível.

Um comentário:

Anônimo disse...

Faltou só esse... mas eu volto (sempre sem saber qdo... rs).