sábado, maio 15, 2004

Sobre o diário

"O Diário de um Subversivo", a princípio, era um projeto de livro que eu comecei a escrever quando iniciei minha primeira faculdade. Eu o escrevia num formato diário mesmo. Escrevia, não diariamente, mas com uma certa freqüência, meus pensamentos a cerca da minha vida na época e pretendia reuni-los no futuro para finalizar o projeto. Eu me considerava um subversivo (ainda me considero, mas me faço hoje severas críticas) e imaginei que o tempo que passaria estudando nessa faculdade, uma faculdade pública, seria um tempo que se pudesse qualificá-lo de subversivo. Foi, e não foi. O tempo passou, eu me formei, mas não levei adiantei o meu diário subversivo. Não o fiz por motivos externos. Eu cometi a idiotice de compartilhar esses pensamentos com outra pessoa. E ela passou, de maneira quase assertiva, a cobrar que eu escrevesse no diário. Pronto! Tive uma ordem já subvertida! Sendo que sou eu o subversivo, mas fui subvertido. Não consigo escrever sob pressão. É que eu escrevo para me satisfazer, não a ninguém. Se sujeitar a pressões em contextos como, por exemplo, no ambiente profissional, vá lá, faz parte das regras do jogo - as que devem ser subvertidas! - mas se sujeitar a isso em algo que faço para mim mesmo, para o meu ego, para algo que só diz respeito a minha interioridade? Não, não. Parei de escrever. E parei de ser cobrado.

Contudo, o tempo passou, como disse acima. Conclui essa faculdade e já iniciei uma outra. Se meu tempo naquela pode ser considerado subversivo, isso é algo a se verificar. Ainda não parei para pensar nisso. Porém, escrever, para mim, é uma necessidade. Gosto dessa relação proporcionada pelo hábito de escrever: eu-comigo mesmo, e, ora, eu-comigo mesmo com quem for ler o que escrevi para mim mesmo. Adoro provocar reações em meus leitores. Escrevo para mim, saliento, mas não nego a curiosidade que me dá quando penso o que outros pensarão ao ler o que escrevo. Como disse já duas vezes, o tempo passou, e continuei a ter a necessidade de escrever. Por eu preferir o estilo crônica e conto, considerei que o formato "blog" seria ideal para praticar aquela relação proporcionada pelo meu hábito de escrever, a relação com quem for me ler.

Então, resolvi ressuscitar o meu projeto subversivo e cá está esse blog: "O Diário de um Subversivo". Não será diário, pois não será diário. Mas será diário porque terá meus pensamentos. É subversivo, mas poderá não ser, dependendo do desenrolar da minha conduta literária nessa empreitada. Será um caderno onde serão publicadas as minhas rasuras, que serão, devido a meu gosto particular, crônicas. E crônicas sobre diversos assuntos, mas prioritariamente, sobre política, esporte, filosofia e ficção, assuntos da minha predileção.

C'est seulement.

Do "Larrousse Cultural Grande Dicionário da Língua Portuguesa"

DIÁRIO adj. (Do lat. diarium) Que se faz ou sucede todos os dias; cotidiano.

s.m. 1. Caderno ou livro em que se anotam os fatos de cada dia. - 2. Publicação que sai todos os dias, com notícias políticas, científicas, literárias, de lazer, etc. - 3. Livro de orações extraído do breviário, contendo apenas os ofícios do dia. - 4. Livro em que os comerciantes anotam o movimento do dia, lançando o débito e o crédito das transações efetuadas. Diário de bordo, caderno redigido pelo comandante, relatando a viagem que ora realiza. Diário íntimo, registro escrito de acontecimentos pessoais, emoções, sentimentos e reflexões de caráter íntimo.

SUBVERSIVO adj. (Do lat. subversus) Próprio para subverter, para solapar o estado de coisas estabelecido.

SUBVERTER v.t. (Do lat. subvertere) 1. Revolver; voltar de baixo para cima. - 2. Perturbar completamente. -3. Desorganizar, criar confusão. - 4. Revolucionar, resolver. - 5. Destruir, arruinar. - 6. fazer soçobrar. - 7. Perverter, corromper.

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