segunda-feira, março 27, 2006

Só uma digressãozinha

Digressão, aqui, é exceção. Não costumo comentar sobre o que escrevo. Costumo mesmo é cuspir o texto na mão e jogá-lo na parede... digo, na Grande Rede. Mas agora vai ser diferente. Afinal, sou subversivo. Se virou rotina, desrotinizo (neologismo, é neologismo)...

O texto anterior foi escrito num dia desses. Publiquei-o sem sua data de concepção propositadamente. Escrevi-o e me arrependi. Não o suficiente para que eu o apagasse, mas não gostei de nada que escrevi. Como estou numa fase seca - pigarreio, pigarreio, mas não escarro nada - resolvi catar aquele escarro seco e purulento e colocá-lo lá, agora.

Afinal, sou subversivo, sou subversivo...

Alguns excrementos cerebrais

Estive reflexivo esses dias. Não sei se porque jantei comida pesada, sonhei com fantasmas e conversei com colegas sobre assuntos da matéria, mas passei bastante reflexivo esses últimos dias.

Não há dúvidas de que o que sou hoje, o que tenho hoje, é oriundo das minhas decisões do passado. Eu sou o que decidi ser. E foram decisões sacrificantes. Mas eu não sou o que eu gostaria de ser. Não, não mesmo. E não serei o que gostaria de ser, se eu não tomar as decisões certas, hoje.

Dez em dez pessoas que ouvi disseram que gostariam de ter a oportunidade de morar no exterior, mesmo que trabalhando em subemprego, para falar outra língua, conhecer outra cultura. Pois teriam experiência de vida, teriam vivido e teriam melhores oportunidades de emprego. Ah, emprego...

Eis um ideal de vida. Curtir a juventude estudando, vivendo num outro país, conhecendo pessoas diferentes, para ficar bem qualificado e voltar à terra natal para trabalhar. Trabalho...

Aprendi nesses últimos tempos a me conhecer. Descobri que sou movido por um sentimento: paixão. Eu só consigo fazer algo com tesão. Estudar, trabalhar, foder... Ah, mas quem não é assim?

Não sei. Mas eu sou assim. Até hoje, se estou onde estou, se andei por onde andei, foi porque havia paixão em mim. E estou percebendo que não está havendo paixão no que faço atualmente. Meu fim está próximo.

Porque nessa porra de vida maldita, que quando nasci estava tudo pronto, é preciso trabalhar para sobreviver, algo que até concordo. Um sacrifício individual para um bem coletivo. Só que essa porra maldita é uma só. Não é justo e eu não aceito sacrificar parte de minha vida para o trabalho sem pelo menos ter alguma satisfação com que faço. A vida é muito estúpida se for para se sacrificar para ter e fazer outras coisas estúpidas, como ter propriedades e ser um cidadão de bem.

Eu queria ser jogador de futebol. Quero trabalhar com jornalismo esportivo ou político. Quero escrever um monte de besteiras iguais a essa mas achar que faço a melhor coisa do mundo. Quero aprender línguas mas não para arrumar emprego mas sim porque quero ser árbitro internacional de judô. Quero uma família que me ature e me faça me sentir importante. Pelo menos já tenho uma família que me ature...

Estou em novo momento crucial de minha vida, onde novas decisões serão necessárias. Qualquer decisão exigirá sacrifício. Escutei muita baboseira nesses últimos dias. O que não posso me esquecer é que eu preciso de paixão para viver.

Eu não vou para exterior nenhum, não vou fazer trabalho que gente que se acha superior, mas é inferior a mim, não quer fazer. Só para estar bem qualificado, para ser um peça utilizável num sistema que eu nego e nunca aceitarei.

A minha vida é uma só. E eu sou o que eu decido ser.

terça-feira, março 21, 2006

6h05 da manhã

6h05 da manhã. Atravesso a ponte para pegar a via expressa da Marginal Tietê. Olho para o leste e vejo que o sol ainda não surgiu no horizonte, mas já tinge as nuvens e o nada em que elas estão suspensas de dourado. A oeste, uma combinação do azulado ao violeta compõe o restante do espaço. Me lembro de Vanilla Sky e do céu com cores de Monet daquele filme. Me lembro que ele realizava sua vida nos sonhos.

Ultimamente tenho sonhado muito. Sonhos reais. Acordo sempre com a sensação de que tudo realmente havia acontecido. Tenho sonhado muito com o que tenho vivido ultimamente. E ultimamente, fórmulas financeiras, carros sem documento e cavaleiros brancos têm convivido comigo. Até quando durmo.

A Marginal Tietê me conduz ao oeste, mas vou ao norte. Já faz muito tempo que sempre vou a oeste, mas antes não ia a lugar nenhum. Agora, sempre vou ao norte. Não para derrubar as estrelas e as listras, como quis antes, mas porque ao norte é o sentido de tudo, de tudo que há na vida, e da vida... Acho que ainda desejo derrubar as estrelas, as listras, as foices, os martelos, os feixes, os cata-ventos, as mãos invisíveis, tudo que surge e que responsabilizo por desgraças da nossa espécie. Hoje desejo muito derrubar um monstro, mas este tem muitos asseclas e tem um formidável poder corruptor. Ele corrompe e coopta com muita facilidade seus fanáticos. E eles são muitos, e eu acho que estou ficando muito velho para sustentar rebeldismos. Não sucumbo a ele, mas não tenho mais energia para combatê-lo e para combatê-los.

Principalmente, porque os cavaleiros brancos insistem em querer minhas entranhas. Eles são invencíveis e eu já perdi muito tempo combatendo-os. Não luto com mais nenhum deles. A vitória contra um invencível só é possível sem confronto.

E eu sou invencível.

quarta-feira, março 08, 2006

Pelo menos tem início

Estou sem escrever uma crônica há um bom tempo. Para quem se propôs a escrever um diário, mesmo que subversivo - que não é diário porque diário escrito todo o dia é ordinário - um mês já é justificativa para eu mudar o título deste blog para "Mensalão de um Subversivo" ("mensalão" é uma palavra subversiva, não acham? [irônico]). Bem, na verdade, não estou sem escrever todo esse tempo, eu estou é sem terminar um texto todo esse tempo. O que me é agoniante.

Comecei a escrever uma autocrônica, quero dizer, uma crônica sobre a subversividade. Não terminei. Depois, devido ao fato do Exército estar cercando as favelas cariocas na tentativa de recuperar os armamentos que lhe foram roubados, iniciei outro texto, que não consegui concluir. E hoje, por ser o Dia Internacional da Mulher, pensei em começar a escrever mais um texto, para discorrer sobre o evento. Queria dizer que reconheço a importância da data, mas que não considero isso motivo para comemorações ou felicitações. Eu, se fosse mulher, ficaria incomodado com o fato de necessitar haver um dia para lembrar que as mulheres são iguais aos homens e têm os mesmos direitos. Faço uma comparação com o Dia do Trabalho. Com exceção do 1º de Maio, todos os outros dias do ano são dos Dias do Capital. Quem precisa lembrar que o Capital é predominante, não é mesmo?

Mas não sei o que me acontece, eu não estou conseguindo terminar os meus textos. E isso me incomoda bastante. Escrever é um prazer para mim e eu gostaria de torná-lo um hábito em minha vida porque