terça-feira, setembro 29, 2009

Conexão com Saturno

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Saturno! Meu velho, em menos de vinte nove dias você vem para não voltar em menos de vinte e nove anos! Vinte e nove... Quando eu nasci, meu velho tinha vinte e nove. Meu velho, como está meu velho?

 

Meu velho, só você sabe tudo o que sei, só você sabe o quanto sou só! Eu tenho esposa, mãe, irmãos, avós, tios, primos, amigos, discos, livros e projetos, muitos projetos, e mesmo assim sou só, muito só. Por quê, meu velho?

 

Eu só queria ser Sugata Sanshiro, e poder gritar, exultante, Sensei!, quando ouvisse de seu sensei que é o melhor guerreiro da academia. Sensei, por que todos trazem por debaixo do kimono o traje do Alferes? Onegai shimassu! Encaro o oponente e, curvando-me, cumprimento-o. O Alferes?! Ele avança e pega meu kimono. Sensei, por que todos urram quando golpeiam nos treinos? Travo o ataque. Minha pegada canhota incomoda os alferes. Eles só conseguem ver o mundo de direita. Eu vejo dos dois lados. Eu digo aos alunos: nos treinos de entrada de golpes, veja como sai de esquerda! Eu digo que ainda não sou sensei, mas eles insistem em me chamar assim... É agora! A hora do contra-ataque! A minha pegada canhota está no ponto certo, o oponente está desequilibrado, agora, a execução, agora... KIAI! Não sai, não sai, não sai o meu kiai, não sai o meu poderoso Eri-ippon-seoi-nague... Ivo-san, poderoso, por enquanto, e nem tanto, só o seu Sassae-tsuri-komi-ashi. Seoi-nague muito ruim, tem que treinar mais! Sensei, por que eu só consigo soltar o meu kiai quando for para decidir entre a vida ou a morte?

 

- Porque só quem é homem, consegue não ser eliminado pelo Alferes. Só quem é homem, é soberano. E quem é soberano, não tem ninguém que o acompanhe.

 

É só quem é homem.

 

Meu velho, quando você voltar, eu estarei velho! Você volta, né?

 

É, eu sei que volta. Sou eu que posso não estar.

 

segunda-feira, setembro 14, 2009

A devida dedicatória

Dias atrás, mais precisamente na véspera do 09/09/09 - aliás, desejei escrever um texto sobre o cabalístico dia, mas me faltou o tempo... vai ficar para outra hora - postei um hakai, um estilo japonês de poema pequeno, neste Diário, intitulado "Céu Estrelado". Pela mesma falta de tempo, faltou eu registrar a devida dedicatória da pequena obra.

Ao Flavião, ou Flávio Ricardo Vassoler do Canto, ou Bazárov, como lá no
Subsolo das Memórias, meu grande camarada, irmão por adoção, com livre trânsito na minha família, o conheci nos tempos de FFLCH, em 2003, e que, numa certa noite, há bem pouco tempo, com um tenro abraço, trouxe a luz das estrelas e o ânimo a esta minha pobre alma, que desiludida, já não escrevia mais os seus queridos haikais.

Irmão, taí! Já havia te falado pelo telefone, mas, agora, deixo devidamente registrada esta dedicatória.


 

quinta-feira, setembro 10, 2009

Torcendo até o pescoço

Eu confesso. Eu torci pra Argentina. Torci mesmo! Sou fã de Diego Armando Maradona. Ele é o melhor jogador que vi jogar. Sou de 1980, não vi o Pelé. Eu sei que Pelé é o melhor de todos os tempos, mas não é o melhor do meu tempo. O melhor é Maradona!

 

Aquele golaço contra a Inglaterra. Pegou a bola no campo de defesa e avançou, em linha reta, atropelando todos os ingleses que ousaram se interpor o seu caminho, invadiu a área, puxou a bola para a direita com a perna esquerda e, meio quase caindo – gol! Golaço! Durante toda a minha infância eu reproduzi aquele gol nos gramados da minha fantasia. Ivo, o craque palmeirense, o camisa oito alviverde (Oito? Por que oito? Quando aprendi futebol, cada número tinha a sua posição. Não tinha esse negócio que nem hoje em que cada um usa o número que quer. O cinco era o volante, o oito o meia-direita e o dez, o meia-esquerda. O Pelé era meia-esquerda? Não era. Era destro. Ok, ambidestro. Eu sou canhoto, mas resolvi ser o oito.), o novo Pelé, que sempre que o time precisava de um gol redentor, pegava a bola do campo de defesa, partia pra cima dos adversários, invadia a área e – golaço! Aliás, acabei de me lembrar que já escrevi algo parecido sobre o Maradona por aqui.

 

Por isso torci pro Maradona. Não quero que ele fracasse no comando da Argentina. Quero que ele escreva mais uma dramática – e bela – página da história do futebol. Já pensou se ele conduz a Argentina ao tri? Ele, que há bem pouco tempo, estava à beira da morte, gordo e drogado? Já temos cinco estrelas. E é melhor ganhar a sexta em 2014, em casa, exorcizando o malfadado fantasma do Maracanaço, do que ganhá-la agora, em 2010, e correr o risco de sofrer outro trauma, igual àquele de 1950. Já pensou se a Argentina vira tri em cima da gente, e na casa da gente?

 

Fiquei condoído por Maradona. Vi em seus olhos que ele ama a Argentina. Não à toa, ele é amado pelos argentinos. Muito diferente daqui, onde esquartejamos os nossos ídolos. Vejam o Dunga. Eu, mais do que nunca, torço por ele, só para ver a cara quebrada de todos esses hipócritas que têm o arrebentado diuturnamente nas páginas midiáticas. Agora, com a Seleção dobrando os joelhos da arqui-rival Argentina, em Rosário, cidade sagrada do país platino, essas hienas estão todas risonhas, engolindo as merdas – a seco – que tanto produziram por todo esse tempo.

 

E por falar em ídolos e em jornalistas, essa é para acabar. Talvez mais alguém tenha percebido, mas durante a transmissão da partida, o renomado narrador global, após uma defesa do goleiro brasileiro, soltou um "São Júlio César!" São Júlio César? São Júlio César é o escambal! Tudo bem que o Galvão Bueno é um jornalista influente, muito criativo, cujos bordões pegam mesmo. É dele o "sai que é sua, Taffarel!" Assim como o "São Marcos!" Porém, Taffarel, além de ter saído em todas que eram suas, é o goleiro tetracampeão, e com três Copas no currículo. E Marcos é o pentacampeão, além de ter eliminado nos pênaltis o Corinthians na Libertadores por duas vezes seguidas, portanto, muito merecedor da indicação ao cânone da Basílica de São Pedro. Agora, São Júlio César? É campeão do mundo? Já eliminou nos pênaltis o Vasco na Libertadores ou o Milan na Champions League? Se a torcida nerazzuri assim o considerar pelo quarto scudetto seguido da Internazionale, pois bem, que o Galvonne Buonno o batize de San Júlio César! Porque aqui no Brasil, santo de luvas, só San Marco di Palestra Itália!

 

terça-feira, setembro 08, 2009

Céu estrelado

O céu brilha estrelado!
E ilumina a noite
e o irmão abraçado!