segunda-feira, dezembro 18, 2006

As pessoas

Algumas constatações (e nenhuma conclusão) sobre as pessoas.

As pessoas não gostam de ser criticadas. Elas nunca erram e sempre têm razão. Mas, se por acaso, você estiver com a razão, não tem nada que falar isso para as pessoas, nem meter o bedelho em suas vidas. Na verdade, você não tem razão, porque você não conhece a vida das pessoas.

As pessoas não gostam que lhes ensinem as coisas. Muito menos que venham lhe ajudar sem seu consentimento. Você só conseguirá ensinar uma pessoa se ela quiser aprender. Assim como só conseguirá ajudá-la se ela quiser ser ajudada.

As pessoas não gostam de ouvir as outras pessoas falando. Elas que gostam de falar, e você é que tem que ouvir. Além disso, as pessoas gostam de falar o que quer, e como não gostam de ouvir, ouvir o que não quer então, nem pensar. Ai de você, se se meter a besta de falar o que elas não querem ouvir...

As pessoas não gostam do que está perto. Elas querem o que está longe, gostam do que está além, não se contentam com o que tem. Quando perdem o que tem, aí é que as elas ficam sentidas, e passam a dar valor ao que já não está mais perto. Duvido que você não conheça uma pessoa assim!

As pessoas não gostam de ser passadas para trás. Pessoas que são passadas para trás são pessoas trouxas, e as pessoas não gostam de ser trouxas. Por isso preferem ser egoístas. Afinal, neste mundo onde as pessoas são os lobos das próprias pessoas, onde há espaço para o altruísmo?

As pessoas não gostam de hipocrisia. Se as pessoas percebem que você finge ser uma pessoa para elas e outra para as outras, elas se ofendem. No entanto, as pessoas esquecem que elas também fingem ser outras pessoas para as outras. Ninguém gosta de hipocrisia. No entanto, todos são hipócritas. Dá para viver nessa hipocrisia? Quer dizer... Dá para entender esse paradoxo?

Aliás, dá para entender as pessoas?

Que inveja estou dos peles vermelhas

Porque hoje os colorados amanheceram campeões do mundo. E eu não pude deixar de me lembrar da manhã que amanheci quase campeão do mundo.

Era uma manhã de dezembro de 1999. O Palmeiras, atual campeão do continente americano, combateria o Manchester United, atual campeão do continente europeu, pelo título do mundo. Deu Manchester, 0 a 1. O nosso maior ídolo, Marcos, não interceptou um cruzamento pela ala direita, que não fora impedido por Júnior Baiano, e o atacante inglês me fez chorar naquela manhã.

Chorei mais ainda, porque após o choro do fim do jogo, e o gosto amargo de trancar o grito de campeão do mundo na garganta, tive que enfrentar uma chuva fúnebre para ir trabalhar. Aquele dia era um dia útil. Que, para mim, só foi para os corintianos.

Para falar a verdade, não me lembro se estava chovendo naquela manhã, nem se era uma manhã de dezembro. Eu poderia pesquisar a fundo isso, hoje há a Internet, mas eu não quero. Preferiria me esquecer daquele dia todo. Então, me contento em me esquecer algumas de suas partes. Como o nome do inglês (se era inglês) que me fez chorar, a data exata daquele dia, se chovia ou não. Para a minha tristeza, estes detalhes não importam, não fariam a tristeza ser maior ou menor.

E hoje, enquanto os colorados estão no Nirvana, estou aqui no inferno, com a minha tristeza, vendo as possíveis movimentações de contratações que podem ocorrer no Parque Antártica. Soube que Edmílson e Gustavo (Paraná, 2006) estão próximos do Verdão, a pedido do novo técnico, Caio Júnior. Possíveis contratações que fazem sentido, uma vez que a nossa zaga foi uma das mais vazadas no último campeonato.

Parece que, até agora, tudo está fazendo sentido. A saída do Palaia, a entrada de um diretor da turma do Beluzzo, a vinda de um técnico com idéias coerentes, possíveis contratações que podem ser muito úteis. Porém, a única coisa que vejo sentido é na minha tristeza. Que deve perdurar por muito tempo, pois ainda há um grito entalado na garganta desde aquele dia de 1999. E porque não há nenhuma perspectiva de desentalar grito algum, pelo menos pelo ano seguinte.