sexta-feira, novembro 14, 2008

Marcos, Luxemburgo e Jorge Mendonça

Luxemburgo disse que Marcos errou ao não fechar com o Arsenal, em 2002, quando acabara de ganhar a Copa do Mundo e estava muito bem valorizado. Disse ele: "Acho que o Marcos se equivocou. Quando se pára de jogar futebol com 35 anos, você tem mais 35 anos para viver. Será que, daqui a 20 anos, vão lembrar de tudo o que ele fez? Depois, precisa de jogo beneficente por aí".

Pouco mais de um ano antes de morrer, eu conheci Jorge Mendonça pessoalmente. Foi um dos dias mais emocionantes da minha vida. Eu nunca vi o Jorge Mendonça jogar ao vivo, somente ao "Melhores Momentos do Esporte" - aquele programa que costumava passar na TV Cultura anos atrás, não sei se ainda passa. E além de conhecê-lo pessoalmente, eu joguei uma partida de futebol com ele. Foi em Campinas, cidade em que ele morava. Todo 1o de maio, a família do meu tio (cunhado da minha mãe), que tem tentáculos em São Paulo e Campinas, se reúne para uma partida de futebol, seguido de cerveja e churrasco pelo dia todo. Nesta ocasião, o Jorge Mendonça, conhecido de um dos parentes do meu tio, apareceu por lá. E eu não me contive. Cheguei nele e disse: "Jorge Mendonça, gostaria de agradecer tudo o que você fez pelo Verdão. Eu não o vi jogar, ainda não era nascido. Mas meu pai viu. E ele me falou muito sobre você". Ele riu modestamente e apertou a minha mão. E depois jogamos juntos. Quer dizer, ele no time dos campineiros e eu no dos paulistanos. Inesquecível!

Senti muito quando soube de sua morte. Morreu na miséria. A história que eu ouvi dizia que, anos antes, ele havia perdido tudo o que tinha. Devia estar muito deprimido, então se entregou ao vício do álcool e adoeceu. Faleceu vítima de uma parada cardiorrespiratória.

Não digo que Luxemburgo não tenha razão. Não digo que o jogador de futebol não tenha que pensar em si e procurar acumular o máximo de capital possível. É a regra do sistema. E eu não sou hipócrita. Contudo, que a verdade seja dita, o Marcos não morrerá na miséria – se Deus quiser! - como o Jorge Mendonça. Não tenho dúvida nenhuma de que com o que Marcos já ganhou, ele tem o seu futuro garantido. Sabendo investir o dinheiro, não tem como morrer na miséria. E não seria o Jorge Mendonça indo para a Europa, como o Marcos teve a chance, que ele evitaria indubitavelmente o seu destino. Há toda uma história, que eu não conheço, que explica a desgraça do Jorge Mendonça. Ele poderia ter ganhado dez vezes mais do que ganhou, e ainda sim, ter acabado como acabou.

Mas eu digo que o Luxemburgo não tem razão porque considera o Marcos como qualquer jogador. E Marcos não é qualquer jogador. Marcos é um Campeão do Mundo, é um ídolo, tem caráter e uma cabeça e alma iluminadas. O Luxemburgo é uma pessoa muito bem sucedida, meus parabéns para ele, mas não chega aos pés de São Marcos. Não chega aos pés!

Me desculpa Seu Luxemburgo, mas isso tudo aí é inveja! Roa-se. Ou trate de trabalhar, para tentar limpar a sua barra com a torcida, que tá um pouco sujinha.

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