quarta-feira, setembro 26, 2007

Se meu fígado falasse

Eu já sei que não sou o homem das palavras belas, das idéias brilhantes, dos discursos irrepreensíveis, do carisma arrebatador. Pelo contrário, eu sou impopular, meu discurso é estreito, é maniqueísta, é preto ou branco ou zero e um. Minhas idéias são medianas e minhas palavras são lugares comuns. Aliás, é isso, eu sou um homem comum.

Ou melhor, sou mais que isso. Ou menos... Eu sou pior. Eu tenho dificuldades em ordenar as idéias. Mal consigo capiturá-las e bem tento expulsá-las. Já passei muito vexame. Um amigo me disse uma vez que talvez eu tenha dislexia. Será? Oras, por que não? Se eu vivo a provar consistentemente que sou incapaz de ler e compreender todo esse mundo, toda essa gente, todo o santo dia...

Ah, um dia eu me canso. Sim, me canso, e desisto de resistir ao fato de que os sessenta, setenta, oitenta, ou sei lá quantas dezenas de anos que estarei por aqui nunca serão mais que nada, mas nem um nada a mais, diante do resto de tempo que ainda há por vir. Me canso e paro de querer apreender essas idéias que nunca consigo, e dou um jeito de voltar à ignorância inicial.

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