terça-feira, outubro 18, 2005

O mundo ainda não acabou?

Indagava eu, em texto anterior, se não estaríamos vivendo o início do fim dos tempos, devido aos eventos extraordinários que vem ocorrendo nos últimos meses. Citei, por exemplo, a tsunami no final de 2004 na Ásia e a prisão do Paulo Maluf, que parecia ser "imprendável". Fazia uma ponderação. A de que talvez não seria eu o primeiro a relacionar esses eventos com o apocalipse.

Pois é. Estive em Niterói nesse último fim de semana. O motivo não é relevante agora. Mas enquanto esperava o ônibus em que voltaria para São Paulo, a capa de uma revista me chamou a atenção. "O fim do mundo começou", dizia a última edição da Super Interessante, uma revista de curiosidades científicas. Praticamente fui compelido a comprar um exemplar. Afinal, dizia sobre o fim do mundo e tratava-se de uma revista baseada em fatos científicos. E eu imaginava que, além de mim, talvez só algum bando de lunáticos poderia acreditar que o mundo estivesse começando de terminar, com os tsunamis, terremotos, furacões e outros acontecimentos realmente incríveis.

Entretanto, a reportagem da revista não me satisfez, pois fazia alusão apenas ao superaquecimento do planeta como responsável pelos cataclismas que estavam ocorrendo ultimamente. Os terremotos, maremotos e lendárias prisões não estavam contemplados no rol de eventos que culminariam com o fim do planeta. A matéria tratava apenas das conseqüências do acúmulo de emissão de gás carbônico na atmosfera, do efeito estufa, do derretimentos das geleiras e do aumento gradativo da temperatura terrestre e demais impactos no ecossistema.

Contudo, a revista levantava uma polêmica. Se esse aumento de temperatura não seria oriundo da ação humana. Mais especificamente, se os EUA, país líder de emissão de gás carbônico no planeta, que recentemente decidiram não aderir ao Protocolo de Kyoto, não seriam os principais responsáveis por esse superaquecimento. A matéria também relembra que furacões são formados em regiões onde a temperatura das águas oceânicas é quente, logo, a Katrina e suas irmãs seriam uma resposta da mãe-natureza aos desmandos do Tio Sam. Além disso, chamam a atenção para a propaganda de contra-informação, promovida por Bush, para desvincular a ação humana do aquecimento do planeta, que seria feita principalmente no meio científico.

Eu disse que a reportagem não me satisfez, porém, de acordo com os prognósticos apresentados, a situação do planeta em 50 anos estará drasticamente comprometida. Alguns analistas calcularam que os prejuízos causados pelos efeitos do superaquecimento superarão à capacidade produtiva da humanidade. É uma situação deveras terrível, mas mais terrível ainda, para mim, é a preocupação em termos capitalísticos do problema. Eu estaria mais terrificado é com o tanto de gente que morre e tem morrido devido a tudo isso. Mas como se diz lá mesmo nos EUA: "é a economia, estúpido!".

Então, fui dormir no domingo à noite nesse mundo acabante e acordei na segunda-feira com a notícia da morte de mais um torcedor de futebol por causa de mais uma briga entre fanáticos e psicopatas. Não necessariamente uns contra os outros, mas ambos - fanáticos e psicopatas, e ao mesmo tempo - contra ambos. O assassinato ocorrera na mesma estação de metrô que horas depois eu descia, indo para minha casa voltando de Niterói.

A quanto tempo mesmo que esse mundo está acabando? Vou conseguir descobrir isso antes de me acabar?

Vou acabar por aqui, senão me acabo de tantas indignadas indagações.

Fontes:
1. "O fim está próximo", Revista Super Interessante, edição 218, Out/2005.
2. "Palmeirense morre baleado em briga de torcidas", www.terra.com.br, 16/10/2005, 14h08, atualizada às 20h46.

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