terça-feira, abril 19, 2005

O mundo do Papa

Há necessidade em viver? Terrível questão. No significado desse termo no contexto da modernidade, eu acho que não. Capitalismo e modernidade são "coisas" que têm tudo a ver. E o capitalismo não precisa de pessoas que vivem, precisa de pessoas que trabalham.

Há necessidade em viver? Pois bem, se o homem moderno não tem necessidade em viver, por que vive então? Talvez a questão esteja mal formulada. Deixa eu ver se melhoro isso. Vivemos para quê? Hum... pressinto que me infiltrei num terreno espinhoso. No momento, entendo como único motivo para a vida, a morte. O seu antagônico. Se morte é oposição de vida. O que eu começo a suspeitar que não. Não só suspeito. Tenho forte intuição que não.

Radical interseção. O único Papa que conheci está morto. E pela cor da fumaça que saiu da Capela Sistina, o segundo Papa que conhecerei ainda não foi escolhido pelo cardeais. Me interesso bastante por saber quem será o próximo Papa. Assim como me interesso em saber sobre a guerra que a nossa sociedade moderna vive atualmente - a tal guerra contra o terror. Vi as Torres caindo, vi Cabul e Bagdá caírem logo em seguida, e aguardo os próximos capítulos dessa tragédia protagonizada pelos grandes da nossa gente. O último Papa foi escolhido porque em seu tempo havia outra guerra em curso - a tal guerra contra o comunismo. Suspeito que o próximo Papa será escolhido em virtude dessa nova guerra em que vivemos. Suspeito não, tenho forte intuição.

Engraçado que digo: guerra em que vivemos. Não pegamos em armas nenhuma, por que então essa guerra é nossa? Nem eu sei dizer. Sei que é uma guerra entre civilizações: a ocidental e a islâmica. Ultimamente, tenho me percebido dessintonizado desse mundo. Não sou muçulmano e não me sinto ocidental, apesar de ter nascido do lado oeste do Meridiano de Greenwich. Me sinto em dessintonia, mas estou antenado no papel que os grandes atores do mundo desempenham. Minha sina subversiva. Sempre procurando o que subverter. E quando não acho, subverto a mim mesmo. Quando não procuro, o que tem que ser subvertido vem a mim.

Vivo para isso?

São Paulo, 19/04/2005

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