sexta-feira, abril 22, 2005

Mix de feriado

O dia 21 de abril é um dia especial para o Brasil. Foi o dia em que morreram dois personagens considerados mártires da nossa história. Um deles, o alferes Tiradentes, razão pela existência do feriado, foi executado por liderar um levante contra os portugueses nos idos de 1789. Naquela época o mundo estava agitado, uma revolução abatia a França e estremecia o mundo. Um rei foi decapitado e todas as monarquias européias gelaram até a espinha e tomaram providências para manter seus pescoços intactos. Portugal não fez diferente. Puniu exemplarmente o inconfidente mineiro. Enforcou-o e esquartejou-o, expondo seus restos em praça pública, para que ficasse de exemplo aos que quisessem levar a termo a baboseira da moda naquela época. Uma tal de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. A verdade é que o Tiradentes foi um bode expiatório, não um temível líder que pudesse mesmo reverter o status político da principal colônia portuguesa. O temível líder que conseguiu mesmo alterar esse status foi Napoleão, que ameaçou Portugal e fez com que seu monarca cagão atravessasse o Atlântico para escapar de sua volúpia. Com a família real portuguesa no Brasil que as coisas começaram efetivamente a mudar. Já o Tiradentes morreu porque era o menos eminente dos que participaram do levante mineiro. Foram lembrar dele mais de século depois, quando precisavam de um símbolo republicano para o país.

O outro personagem morto num 21 de abril é mais contemporâneo e teve grande participação num momento delicado de nossa história. Tancredo Neves, eleito presidente pelo Colégio Eleitoral, seria o primeiro presidente civil após o negro período em que os militares apitaram no Brasil. Adoeceu dias antes de tomar posse e não resistiu. Governou o seu vice, José Sarney. O resto da história sabemos bem (ou não?). Em 21 de abril foi também inaugurada Brasília. Obviamente, a data foi escolhida propositadamente. Afinal, 21 de abril é especial para o Brasil. Engraçado que o 22 de abril, dia do Descobrimento, uma data que talvez devesse ser mais especial, não tem tanta importância assim. Algo a se pensar mais detidamente o porquê futuramente.

Contudo, o que realmente está me preocupando atualmente é o meu time do coração. Ontem (pois escrevo isso na madrugada do dia 22 de abril) o novo técnico do Palmeiras foi apresentado, o Paulo Bonamigo. Nem sei porque fiz essa puta introdução sobre o dia 21 de abril. Talvez porque subconscientemente eu acredite que esse novo técnico possa ser um salvador, pois a situação do Verdão está de dar dó. Nosso maior rival está com um puta esquadrão. O outro rival acabou de levantar um caneco, e nós estamos nessa draga. Jogadores, com exceção de 4 ou 5, que não honram com as tradições do clube; técnicos fracos e inconsistentes; uma diretoria medíocre, que definitivamente não gosta de futebol. Não sei o que falta para o meu time. Se um Tiradentes ou um Tancredo. Bom, na verdade eu sei o que o Palmeiras precisa para sair da crise. Dinheiro. Porém, com exceção daquele oriundo da máfia russa - enriquecida pelo ouro soviético - não há dinheiro na praça. Bom, também tenho uma teoria sobre as causas e as soluções para os problemas do Palmeiras. A origem está em Mustafá Contursi, que mesmo não sendo mais presidente, ainda apita no Parque Antártica. E o que me deixou um pouco esperançoso nessa semana foi uma notinha que li nas entrelinhas do discurso resmungão de Candinho ao pedir demissão do cargo de técnico. Li que Candinho disse haver problemas políticos na cúpula do clube, que nem eles estão se entendendo. Por incrível que pareça, acho isso bom sinal. Sinal de que o Mustafá está sendo combatido, pois até então não havia divergências nenhuma, a opinião dele era a única que valia. E é bem isso que está havendo. A turma do Della Monica, atual presidente, está enfrentando a turma do Mustafá. A criatura contra o criador, afinal, foi Mustafá quem apoiou Della Monica nas últimas eleições.

Bom, penso que tudo que falei aqui mereceria mais atenção. Poderia discorrer mais e melhor sobre todos os assuntos mencionados. Tiradentes, Tancredo, Brasília, Napoleão, a família real portuguesa, a situação política do Palmeiras. Mas sabem como é. O mundo ainda é mundo. Continua em guerra e em alta velocidade. Ontem mesmo outro presidente sul-americano foi deposto. E eu preciso ir dormir para acordar cedo e trabalhar. Afinal, preciso dar minha cota de sacrifício para a manutenção de nossa sociedade.

São Paulo, 22 de abril de 2005

Nenhum comentário: