sexta-feira, janeiro 16, 2009

As mãos que não se lavaram - II

Continuação de As mãos que não se lavaram - I

 

Disse que era, porque quem dizia era um sonho. Acabara de acordar. O filme onírico ainda passava pelas minhas retinas, enquanto esfregava os olhos e me espreguiçava. Deus do Céu, um sonho! Mas parecia real, assustadoramente real! O que seria de tudo se Pilatos deveras tivesse poupado Jesus da cruz? Mal terminara de mentalizar a questão, quando percebi que algo estava errado. Eu não estava ali. Eu não estava ali onde eu deveria estar. Eu não sabia onde estava.

 

Na verdade, eu estava deitado numa espécie de rede, dentro de uma espécie de oca, pequena. E estava, também, quase nu. Apenas vestia algumas peles, que cobriam algumas partes de meu corpo. Saí da oca. Era uma praia. O céu estava sem nuvens. O sol devia ter nascido há pouco mais de uma hora. Fazia calor. O que estou fazendo aqui? Cadê o hotel em que estava hospedado? Cadê a gente da cidade, os turistas? Para onde foi todo mundo? Por que não vejo as ruas? Por que não vejo rua alguma? Estou sonhando, só pode ser, estou sonhando!

 

Não sei com que força eu me esmurrei. Só sei que cuspi sangue. E uns dois dentes. Depois chorei, chorei, chorei. Não pela dor dos meus murros, mas por eu não ter acordado, ou melhor, por já estar acordado. Caí em prantos. Esmurrei o chão não sei por quanto tempo. Só sei que adormeci de desespero.

 

(continua mais tarde)

Um comentário:

Flávio Ricardo Vassoler disse...

Confirmado amanha, Ivao! 12h dai, 19h daqui!

Grande abraco, meu irmao!

Flaviao