sábado, maio 15, 2004

Consenso de Washington, o governo e as Fatec´s

O caminho para o desenvolvimento do Brasil terá o seu primeiro passo dado apenas quando os interesses dos brasileiros estiverem acima dos interesses estrangeiros. À primeira vista isso parece tão óbvio que chega a ser simplista. Uma frase digna do Conselheiro Acácio. Mas não é. Exatamente porque os interesses nacionais não são prioridade no nosso país.

Qualquer país desenvolvido hoje o é assim porque investe e sempre investiu em Educação. Exemplos: EUA, ex-União Soviética, Reino Unido, França, Japão, Alemanha, Itália, Holanda, Suécia, Canadá. Todos esses países investem maciçamente em Educação. Do Ensino Básico ao Superior. Não é à toa que eles são os detentores da grande maioria das patentes científicas. Porém, no Brasil, na América Latina e nos demais países subdesenvolvidos esta não é a tônica. A educação é tratada como despesa, não como investimento. A ordem é cortar gastos e neste balaio enxugaram com tudo. E o social foi o mais prejudicado.

E por que as políticas do governo são assim? Tão anti-sociais? Um rápido "flashback" esclarecerá tudo.

Ao final dos anos 80, os países periféricos (entre eles, o Brasil) estavam com suas economias em frangalhos por causa de suas dívidas externas. Para resolver a celeuma, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial determinaram o Consenso de Washington - uma cartilha que, diziam, continha o remédio milagroso para curar todos os males dos povos. A receita do remédio era básica: aumentar a receita e reduzir os gastos. Aumentar receitas com exportações é difícil para um país agrícola como o nosso. Mas para resolver isso, alguns iluminados da nossa classe política decidiram atacar pesado nos gastos, reduzindo-o o máximo que podem.

Desfecho: verbas que deveriam se destinar à Saude, Segurança e Educação desapareceram nesta última década. E para onde foi essa dinheirama? Foi toda para honrar os compromissos com nossos credores internacionais. Lógico. Por que então o FMI e o Banco Mundial se reuniriam em 1989 para discutir a situação das economias dos países subdesenvolvidos? Para garantir que esses credores (entre eles, muitos fundos de pensão norte-americanos) não tomem prejuízo nos investimentos que fizeram em nossos países. Daí a paranóica preocupação com a "Saúde" Fiscal do Brasil da nossa elite.

Portanto, o sucateamento das escolas públicas dos Ensinos Fundamental, Médio e Técnico ao longo dos últimos 6 anos e, agora, a crição desses "miraculosos" projetos para o Ensino Superior que o governo apresenta - e que envolvem as Fatec´s - com a fachada de criar vagas em série, mas que apenas barateiam o ensino e esterilizam com a produção científica do país (lembram quem detém as patentes?), têm explicação: garantir que o americano receba sua pensão privada e garantir que os países desenvolvidos continuem detendo o monopólio do desenvolvimento científico no mundo.

Texto publicado no ano de 2000, num informativo da Faculdade de Tecnologia de São Paulo, sobre a greve realizada pelos alunos em prol do Ensino Tecnológico de qualidade, que estava para ser atacado pelo governo de Mário Covas, então governador do Estado de São Paulo.

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