segunda-feira, setembro 11, 2006

Coronel Ubiratan

Comandou o massacre de 111 detentos, desarmados (por isso, massacre), no dia 2 de outubro de 1992, no complexo penitenciário do Carandiru;

Em 2001, é processado pelo massacre dos 111 do Carandiru (na verdade, por 102 e por tentativa de assassinato de 5) e condenado a 632 anos de prisão;

Em 2002, é eleito deputado estadual, pelo PPB (hoje, PP) sob o número 11190. Defendia a pena de morte, a redução da maioridade penal e mais rigidez para os detentos. Era membro da "bancada da bala";

Em 2005, é inocentado pelo massacre dos 111 - o julgamento fora anulado;

Este ano, mesmo com a candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral, tentava se reeleger deputado estadual, agora pelo PTB, sob o número 14111;

Ontem, 10 de setembro de 2006, é encontrado morto em seu apartamento.

Acima, no período da cronologia que acompanhou algumas partes da trajetória do coronel reformado da Polícia Militar Ubiratan Guimarães, podemos ressaltar outros acontecimentos relevantes. O já citado massacre dos 111 do Carandiru - já cantando em rap, escrito em conto e visto em filme - como ingrediente básico para a formação da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) é um exemplo. Outros, são todos os atos que esta facção teve contra o Estado e a sociedade, configurando na guerra civil que se desenrola sob nossas retinas cotidianamente. Hoje, 11 de setembro, marca o aniversário de uma outra guerra que o mundo lá civilizado trava com o tal terrorismo. Talvez o 2 de outubro tenha sido o marco dessa nossa guerra aqui.

As minhas retinas fatigadas de tanta pedra nos caminhos não se espantam mais com tanta guerra. Elas ainda não vêem fim para elas. Tanto na de lá, no mundo desenvolvido, como na daqui, no submundo subdesenvolvido. Mas me espanta o fato do cara-de-pau usar o número 111 em suas candidaturas políticas. Cara-de-pau, porque ele dizia que o número era o do seu cavalo... Espanto e, além disso, horror, por um número associado a uma carnificina, ser utilizado em eleições em prol da Democracia - aliás, o único caminho que minhas retinas crêem servir para combater esta (e a outra também) guerra. Não obstante as tantas pedras que têm nele.

A vida tem dessas. De uma feita, vítimas viram vilões e de outra, vilões viram vítimas. Infelizmente, há outras que continuam vítimas e outros que continuam vilões. Tudo por causa da ignorância e ingenuidade da nossa sociedade. É que a Santa Democracia precisa da luz na consciência de todos para realizar seus milagres. Enquanto isso, não tem jeito, é guerra, sangue, terror e trevas. E pedras, muitas pedras, nos nossos caminhos.

Em tempo... Apesar de cara-de-pau, ele não merecia a pena de morte.

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