sexta-feira, dezembro 14, 2007

Mais uma vítima da Turma do Amendoim

Tenho que contar essa. Não sei se vocês conhecem, mas existe um jogo de computador muito famoso, principalmente na Europa, chamado Championship Manager. Nele, cada jogador é um treinador, que começa em uma equipe e fica responsável por toda a parte administrativa e técnica de um clube de futebol. Ou seja, você contrata e dispensa os jogadores, define os salários, define os esquemas táticos, os tipo de treinos, pré-temporada e o que mais você imaginar que envolve o dia-a-dia do futebol. Não se trata de um jogo de futebol comum, tipo o Winning Eleven da plataforma Play Station, trata-se mesmo de um jogo de cálculo, de interface gráfica mínima. Quem não tem paciência não vai gostar nunca deste jogo. Mas quem tem, gosta e vira fanático, como eu, que jogo isso desde o ano 2000.

Pois bem, iniciei há uns meses um jogo que começava na temporada de 2003. Como sou palmeirense fanático, logicamente escolhi o Palmeiras para treinar. Como o jogo procura simular praticamente tudo, inclusive os nomes e as características técnicas dos jogadores e também a situação política e financeira dos clubes, minha primeira missão era fazer o Verdão voltar a Série A, já que em 2002, havíamos caído para a Série B.

O elenco era de razoável para fraco. De jogadores notáveis eu tinha o Marcos (goleiro), o Magrão (médio) e o Leandro Amaral (atacante), o resto era de mediano para ruim. Havia também o Juninho (médio-atacante), que estava emprestado, e iria demorar alguns meses para eu poder contar com ele para a temporada. Tive que promover uma grande reformulação no elenco, e ainda tive que conter o assédio dos outros clubes que queriam a todo custo me levar o Marcos e o Leandro Amaral. O assédio foi tanto que acabei sendo obrigado a negociar o Marcos, pois as propostas que ele recebia eram tão sedutoras que ele já estava desanimado por não poder se transferir. Fiz a vontade dele, mas acordei que ele só sairia ao final de 2003 e por uma boa bagatela (US$ 8M). Graças a Deus deu tudo certo. O Paulistão e a Copa do Brasil foram os meus laboratórios para dar uma cara ao time. Fiz uma boa garimpagem pelo país, botei meus olheiros para pesquisar promessas, jogadores com potencial e baratos, e para as posições mais delicadas, recorri aos empréstimos. Além disso, tive a sorte de fazer dois negociões, contratei sem custo Yan (médio-atacante) do Fluminense e o Deivid (atacante), que estava emprestado para o exterior mas tinha o passe preso a uma equipe pequena. Yan se tornou meu homem de confiança no meio-campo e o Deivid virou ídolo e jogador de seleção brasileira. Fomos campeões da Série B em 2003, voltamos à Série A no ano seguinte e dali para a frente foi uma coleção de títulos. Papei 3 Paulistões (2004, 2007, 2008), 1 Copa do Brasil (2006), 3 campeonatos Brasileirões (2005, 2006, 2007), 3 Libertadores (2006, 2007 e 2008) e 2 Mundiais (2006 e 2007). Fora isso, fiz o clube ter lucros, pois meus jogadores não tinham os maiores salários, o atrativo para eles era jogar numa equipe vencedora, ganhava muitos prêmios pelos títulos, e fiz diversas negociações milionárias, dentre elas o Juninho por US$ 14M, o Leandro Amaral por US$ 6M, Martinez (médio) por US$ 5M, e o Marcos, como já havia mencionado. A soma dos valores de venda dos jogadores era bem superior à soma que usei para investir na compra porque eu usava uma estratégia bem persuasiva para contratá-los. Quando aparecia a notícia de que algum time estava com dificuldades financeiras, eu ia lá e fazia propostas para os seus melhores jogadores. Como eles estavam na pindaíba, acabavam negociando por valores bem abaixo de mercado. Assim eu trouxe jogadores muito úteis como o Liédson (atacante), o Anderson (lateral-esquerdo) e o André Bahia (zagueiro), de equipes como Flamengo, Botafogo e Vitória, que no decorrer das temporadas padeceram financeiramente.

Pois é. Mesmo com uma administração arrojada e inovadora como essa, fui vítima da Turma do Amendoim. Devido a alta freqüência de jogos e às dificuldades que o calendário impunha, eu priorizei a Libertadores na temporada de 2008, para isso tive que escalar uma equipe reserva nas primeiras partidas do Brasileirão, que se iniciou concomitantemente com o torneio sul-americano. Resultado, faturei a Libertadores, porém, ocupava posições intermediárias na tabela do torneio nacional. Por causa disso, a torcida se enfureceu e boa parte dos jogadores se desanimou, eles acreditavam que a equipe poderia ocupar posições melhores no campeonato. As rodadas foram passando e, mesmo eu vencendo os jogos e chegando à quarta posição, a diretoria se sentiu pressionada e me demitiu. Simples assim.

Que gosto amargo que fica. Fiz um puta de um trabalho, ganhei um caminhão de títulos e fui demitido porque os torcedores estavam achando que uma troca de treinador seria benéfica para incentivar o elenco. Fui dormir ontem me sentindo um lixo. O que doeu mais é que foi com o meu time de coração, o meu Palestra querido.

Mas a vida continua, e eu tenho que seguir o meu curso. Pintou uma vaga para treinar o Vitória e eu fui aceito. O time se encontra na Série B e o elenco é muito pior do que aquele que eu encontrei no Verdão em 2003. Será um grande desafio, e por isso que estou animado. Para 2008, infelizmente não vai dar para promover o time para a Primeirona. Mas já estou reformulando o elenco pensando em 2009. Felizmente, uma parte do meu elenco no Palmeiras não está sendo aproveitada pelo Tite, o técnico que me substituiu lá. Já trouxe dois reforços, o Paulo Baier (lateral) e uma jovem promessa, o Nilton Ramos da Silva (médio-atacante). Além disso estou tentando trazer o Diego Cavalieri (goleiro) e o Ivan, um bom lateral-esquerdo, que não sei porque foi para o time de reservas. Com eles e mais algumas peças em posições específicas, e vai dar para fazer o Vitória voltar à elite em 2010.

domingo, dezembro 02, 2007

Coração Esclerosado

Estás aí escrevendo
rimas binárias pra deleite de processador?!

Ó coração esclerosado,
por que não amoleces mais?
Perdeste o atributo de realizar lágrimas?

Olha ao teu redor,
para os lados do mundo
e pára de pensar em relações concretas de objetos abstratos!

Olha para mim!
Sou tuas cãimbras emocionais,
que não se compreendem com meras sinapses racionais.

E volta aqui a escrever
as rimas nenhumas pro teu próprio prazer!